sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Vontade de viver


Exausto da morte, cansado do medo, tremulo por não correr e gritar e gritando aos berros dizendo, alegria, vida, sede dessa vida, fome dessa, anseio por essa vida, desejo de vive-la, de te-la nos braços, vestir suas roupas, sentir o seus
cheiros, esse perfume de natureza de óleo viscoso, denso, trás poesia à lembrança, música cheia de nostalgia, ou nostalgia cheia de música, é dessa vida que eu falo, veja lá, ela precisa ser vivida, mesmo dolorida, precisa ser vivida, saboreada, degustada, experimentada, suas mil poções , variadas realizações, seus belos espetáculos tiram o fôlego, quero beijá-la, venha pra mim vida, com todas as suas delícias, suas composições, fragrâncias, sonetos, doçuras, estética, estilo, não me deixe sem ti, pois já vivi uma vida morta pensando que estava vivo, meu Deus que morte mais bem vivida, o quanto isso foi dramático, uma doença que afligia a pele, doía minha existência, era uma asfixia perturbante, constante, só escuro, sem aquela luz no fim do túnel, meu Deus como foi possível tamanha angústia, era como que uma enchente, invade, inunda, arrasta, destrói, cobria , roubava tudo de precioso, foi difícil mas no amargor senti sua doçura, a prova empírica, e é como se tudo fosse um pesadelo, coisa da imaginação, dor não doida, sofrer não sofrido, claro toda treva é inexistência de luz, por isso eu te quero, não vá de mim, não me deixe, fica comigo, seja minha parceira, deixe-me descobri-la , sonhar, gritar, pular, sorrir, acreditar que posso, deixe-me brincar, ser consciente de mim mesmo, da minha inadequação, da minha imperfeição, da minha vontade inconstante, deixa eu viver, esteja comigo, na alegria na tristeza na riqueza na pobreza na vida na morte, que eu viva, pois da morte estou exausto.
João Neto

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