sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O pântano de Mila


O pântano de Mila.
A bazófia é um pântano sombrio e gélido onde o ser coquete se acha, se encontra, encontra a si mesmo. Esbanja revolvendo-se nas águas em lodo, verdes e negras, expele do seu corpo uma substância peçonhenta, escura como esse seu ambiente lúgubre, seu ódio bem lacrado.
Dissimula a cada salto que dá, sua aparência é sua própria essência, os gestos combinados com olhares de disfarce e eloqüência parva, ilumina todo o seu perfil afetado de misantropia cultivada.

Seu sentimento mais nobre é puro esforço em esconder o poço de mágoas que insiste em afogá-la, ela mesma deriva de uma fonte amarga, de um aspecto doente, como se tudo que nascesse do seu interior fosse torpe, fosse sujo, fosse morte. Ela demora nos cálculos apenas para tirar proveito dos outros, nunca se nota o contrario, agindo em frieza não percebe o fato de ser totalmente pobre, cega como uma ambulante em estado de embriaguez e nudez, trancafiada em seu mundo de imaginações preconceituosas, isolando-se de cada um que está a sua volta, ou não enxerga ou finge não vê, acho que a segunda hipótese caberia muito bem quando aparelhada às suas convicções frívolas e tolas. Em matéria de matéria sua obsessão é estar sempre por cima e com uma postura esnobe quase louca que a confunde com o próprio gênero da esquizofrenia.


Não se mexa tanto oh criatura, pois a composições dos elementos que te são vitais não passam de subterfúgios da sua melancolia e do seu jogo de aparências que para mim são apenas cartas marcadas, vejo sua solidão, sua afetação, sua doença está no seu rosto, seus projetos intrínsecos de altivez que amparam sua debilidade social, ou melhor o seu ódio enraizado e consciente pelos outros a aprisionam à sete chaves, ora maltratando-se ora maltratando o outro, não finja tanto, não dissimule tanto, veja que há uma enorme festa bem longe da sua hoste de dramatizações pueris, elas gravitam em torno da sua megalomania e de seus vícios egocêntricos. Faça um favor a si mesma, desengane-se, perceba que todos os seus costumes e objetivos conduziram sua vida apenas a um lugar, um lugar onde tudo e todos sejam peças manipuláveis atendendo os seus caprichos, e esse lugar aos poucos se tornará como que uma carne apetitosa para abutres ensandecidos devorarem parte a parte sua já tão desfigurada imagem...
João Neto

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