sexta-feira, 16 de abril de 2010

Eu dúbio


Eu dúbio.

Pensei como seria pensar em si matar, não que eu queria levar a cabo realmente esse pensamento, mas o momento foi real, se posso classificá-lo assim.

Estava triste, decepcionado com a vida, que é difícil pra todos nós homens duplicados humanos, basta estar vivo pra ver o sofrer, como dizem escolhemos o modo de sofrer, se a maneira clássica ou alternativa ante o tal. Abalado emocionalmente, “desisti”, veja bem, desisti em pensamento e por um breve momento, da vida.

O que me fez pensar assim?

A minha insatisfação, a não realização da satisfação pessoal, o emaranhado de desejos que me conturbavam, o poço de anseios que inundavam minha mente, estorvava e entorpecia meu raciocínio, passei por esse momento de pensamentos lúgubres chafurdado em idéias negativas, mas o interessante é que mesmo vendido sob essas trevas, sabia com toda a certeza que nunca teria coragem de tirar a minha própria vida.

Vi que o que estava em jogo era eu mesmo, o eu razão e o eu emoção, gigantes cá de dentro numa treta avassaladora, como se fosse dois leões brigando por território, e o vencedor fosse quem fosse, tomaria o lugar de senhor e o privilégio em mim.

Nesse momento ruim fui pouco a pouco sendo salvo por um velho amigo, em sua maneira clássica esse amigo me estendeu a mão quando eu estava só brigando comigo mesmo nessa guerra pessoal. Disse para esperar, sentar me acalmar e pensar, pois é, pensei, pensei e pensei, concluí que me matar não era de modo nenhum vantajoso, e então desisti, veja bem, desisti literalmente da idéia de perder a vida.

Esse velho amigo, chamado de bom senso na obra de Saramago, em o homem duplicado, mostrou o seu e o meu lado de equilíbrio onde reside a sabedoria capaz das decisões corretas, viva meu amigo eu mesmo!

Um outro amigo e também inimigo quase me matou, queria porque queria ser servido, ser acariciado, ser mimado, me arrastou pro seu fundo, e quando o neguei, por pura safadeza queria acabar com nós dois, safado.

Jacó e Esaú, o bem e o mal, luz e treva, razão e emoção, essa é a minha ambigüidade e eterna companheira, resta saber quem será o sócio majoritário.

Por João Neto

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