terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Uma nova natureza


Ora essa! Todos desfrutamos um lugar comum, pouco mais e um pouco menos que o estado natural congênito. Poucos fogem de Alcatrás, pau que nasce torto morre torto, ou torturado a pauladas, mas isso agora não convém.


Convenhamos, nossas semelhanças são muitas e evidentes, até aquelas que nunca são expostas revelam o tamanho da igualdade, e eu não pensava assim, outrora ingênuo cria piamente nas diferenças, nos santos, nos super espirituais, e no inverso também. Ingenuidade.

Observo a mim e os outros, os outros e os outros e percebo que somos todos purê de uma mesma batata.


O profano não é mais profano que o santo, o santo não é mais santo que o profano, aqui está o paradoxo, ou algo assim, não há diferentes mas apenas rótulos, há quem se convença da santidade, e nesse convencimento as máscaras são as mesmas, bom mocismo e orgulho exacerbado, dito isso, conclamo sua atenção para dentro de você mesmo, e lhe faço essa pergunta, você é santo? Ou, você se considera diferente dos outros? Ou, qual o sentido da vida e da morte?

Paro nessas.


Creio estar sendo intruso, mas essa é a intenção, trazer à superfície o que está por baixo, nas águas plácidas do auto- engano, na febre universal que produz delírios e obsessões, uns a chamam de ilusão, outros de ópio do povo, outros de muleta de aleijado.


Já concebi como disse acima, a idéia de um ser especial, sem carne, só espirito, só bons interesses, com extrema vocação angelical, acima dos mortais, cem porcento limpo, casto e íntegro.

Certamente equivocado, entrei em conferência com a malícia, que com uma voz sedutora e firme disse-me: ''abra os olhos, seu tolo!”.

Confesso minha surpresa e teimosia em aceitar a novidade.


Trilhando a jornada da vida com seus sabores e dissabores cheguei até aqui, concluindo o seguinte: ''se correr o bicho pega se ficar o bicho come” , os homens correm, os homens ficam, mas o bicho permanece como neurose, preferindo suas carnes.

Que a esperança seja fazer parte de uma outra natureza.

João Neto

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